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ICID+18

Diário do Nordeste
Opinião

Maria Anezila
ny Gomes do Nascimento - professora universitária da UECE-FAFIDAM

Chegamos ao fim da ICID+18. É inquestionável o rigor de algumas discussões que dão o tom do debate. Mas algumas inquietações sobre o caráter propositivo de eventos desta magnitude são necessárias. Uma delas diz respeito à urgência de outro diálogo, que aproxime duas instâncias-chave: diagnóstico e enfrentamento. Precisamos efetivar a comunicação entre cientistas, tomadores de decisão, homens e mulheres comuns que experienciam a realidade e devem ter, em eventos como esse, um canal crescente de socialização das experiências (de convivência, lutas, conquistas e desafios) no Semiárido. Quais avanços alcançamos, de maneira efetiva, nas deliberações desses encontros, considerando os interesses conflitantes entre esse conjunto de atores aos quais nos referimos? A História nos mostra frustrações acumuladas nas agendas de combate aos problemas ambientais globais, marcadas por profundas resistências no âmbito de efetivação das ações, isso para não falar em fiascos, como foi Copenhague. Há recursos para a conservação de áreas sustentáveis, argumentaram, durante o evento, alguns economistas. É uma certeza. Insofismável. Mas não resolve o problema. Essa não tem sido a prioridade. De acordo com dados apresentados na Conferência pelo economista Ladislau Dowbor, os gastos com conservação dos recursos naturais, acesso a serviços sanitários, saúde básica e nutrição estão longe de alcançar os bilhões investidos anualmente em bebidas alcoólicas e gastos militares. O discurso de que todas as regiões têm condições de se desenvolver, dependendo apenas de como exploram suas capacidades e potencialidades, se um dia convenceu, hoje é notoriamente desgastado em face do baixo nível educacional, da seletiva espacialização da ciência e da tecnologia no Semiárido e da escancarada rigidez da estrutura fundiária, caracterizada pelo binômio solos pobres, águas escassas. Aguardemos, enfim, o balanço, ou nas palavras de abertura de Luc Gnacadja, secretário geral da United Nations Convention to Combat Desertification (Unccd), "qual será o legado dessa conferência no contexto da construção de um novo paradigma de desenvolvimento?"